sexta-feira, março 16, 2007

O princípio de qualquer coisa...

Chove intensamente, as ruas ficam finalmente lavadas. Os dejectos caninos são arrastados pela água, abençoado dilúvio. Rita apanha um táxi, está perto da praça Luís de Camões, a chuva apanha-a desprevenida. Como sempre, a vasta colecção de guarda-chuva que possui, não lhe serve de nada, esse adereço fica sempre em casa, assim nunca corre o risco de o perder. E levar com uma chuvada em cima, é sempre bom, faz-lhe sentir fresca. Afinal de contas é apenas água. O rádio do táxi, está sintonizado na Rádio Renascença, Rita tem o prazer de ouvir, directamente da capelinha das aparições, o terço. God bless Jesus. O tipo que conduz, o velho mercedes a diesel, ainda tenta iniciar uma pequena conversa, mas Rita aproveita para rezar. Já que não tem tempo para ir à missa, este momento, a caminho de casa, tem de ser bem aproveitado. São 6 da tarde, o Martim Moniz, está no auge das transações comerciais, aqui não há preconceitos, todos são iguais, todo o mundo está representado, desde a longínqua China, até ao mais próximo Norte de África. Estes indivíduos representam um valor inestimável para o desenvolvimento do país. Afinal, qual é o mais comum do portuga, que não deseja ter o seu telemóvel desbloqueado?
Rita deixa-se dormir, rezar cansa. José Vieira, taxista desde tenra idade, conduz a viatura até sua casa. O jantar estava a ser preparado pela esposa de José. Rita acorda sobressaltada, estava em pleno subúrbio de Lisboa, porém o cheiro a cozido à portuguesa, nada a fazia recear.
A casa de José, era decorada de uma maneira muito simples, nada de IKEA’s. Uma prateleira recheada com a grande enciclopédia do futebol latino, é coisa para cerca de 30 volumes, com encadernação de luxo.

Sem comentários: