No comboio descendente vinha tudo à gargalhada
uns por ver rir os outros
e os outros sem ser por nada
No comboio descendente de Queluz à Cruz Quebrada...
No comboio descendente vinham todos à janela
uns calados para os outros
e os outros a dar-lhes trela
No comboio descendente da Cruz Quebrada a Palmela...
No comboio descendente mas que grande reinação!
uns dormindo outros com sono
e os outros nem sim nem não
No comboio descendente de Palmela a Portimão...
Fernando Pessoa
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
Othello
Uma das várias tragédias de William Shakespeare, Othello, esteve em cena no Teatro da Trindade. A história gira à volta da suposta infedilidade de Desdémona, mulher de Othello. Iago, brilhantemente interpretado por Luis Vicente, monta uma intriga que leva Othelo ao desespero. Este é levado a crer, que a sua mulher anda a traí-lo com Cássio. Um clássico, que mostra como o ciúme mata.
Para ouvir - parte 4 ...
Projecto: Kevin Johansen
música: Guacamole
[www.kevinjohansen.com]
Este senhor, é inqualificável, intratável, a sua música é divertissíma, para ouvir Guacamole, e também El Círculo.
Museu do Chiado
O insólito acontece, depois de visitar a exposição Olhar Fauve, pretendia saber mais sobre este tema.
Visito o site do Museu do Chiado, e não queria acreditar. O site não é actualizado há séculos. Mas, o mais importante é que denuncia uma situação vergonhosa, isto é apenas o princípio do fim. Não há dinheiro, não há palhaços. Vejam o site Museu do Chiado
Visito o site do Museu do Chiado, e não queria acreditar. O site não é actualizado há séculos. Mas, o mais importante é que denuncia uma situação vergonhosa, isto é apenas o princípio do fim. Não há dinheiro, não há palhaços. Vejam o site Museu do Chiado
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
O que eu quero ver ...
Em exibição, no Quarteto, este cinema constitui uma verdadeira alternativa, com filmes de qualidade, para além de ser um espaço bastante simpático, por último, o preço dos bilhetes, uma verdadeira surpresa. Não há pipocas, i'm sorry.
[As Virgens Suicidas] www.virginsuicides.com
[Cinecartaz] cinecartaz.publico.clix.pt
Aurora
Em exibição, no King, um dos mais belos filmes da história do cinema.
[Aurora] www.costacastelo.pt/aurora
[Cinecartaz] cinecartaz.publico.clix.pt
Estou Além
Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
A minha forma
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
António Variações
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
Vou continuar a procurar
A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar
A minha forma
O meu lugar
Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Estou bem aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
António Variações
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
Para ouvir - parte 2 ...
Projecto: Clap your hands say yeah
música: Over and Over Again
[http://clapyourhandssayyeah.com]
Projecto:Sophie Barker
álbum: Earthbound
música:Wintertime
[www.sophiebarker.com]
Projecto: The Arcade Fire
música: Cold Wind
[www.arcadefire.com]
música: Over and Over Again
[http://clapyourhandssayyeah.com]
Projecto:Sophie Barker
álbum: Earthbound
música:Wintertime
[www.sophiebarker.com]
Projecto: The Arcade Fire
música: Cold Wind
[www.arcadefire.com]
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Quem morre?
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is"
em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está
infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto
para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos
conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se
da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de
iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre
que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Pablo Neruda
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is"
em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está
infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto
para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos
conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se
da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de
iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre
que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Pablo Neruda
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
Álvaro de Campos
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
Álvaro de Campos
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
O Fiel Jardineiro
Este é um filme que recomendo, fiquei surpreendido com o magnifico enredo, está extramamente bem realizado. Numa palavra, gostei. Apesar o argumento ser baseado num livro de John Le Carré, deixa-nos a pensar, e prende-nos até aos últimos momentos do filme. Estes seres maquiavélicos não tem escrupulos, e Tessa Quayle(Rachel Weisz)acaba por ter um triste fim. Por vezes confundimos a presumivel realidade, que o filme leva-nos a acreditar, com o brilhante argumento. Saí da sala de cinema, a pensar, talvez isto não seja só ficção, o que se passa em África, é preocupante.
De qualquer maneira, este filme merece um óscar.
Mais info: argumento e Trailer do filme
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Para ouvir...
Projecto: Cat Power
álbum: Greatest
música: Satisfaction
[www.catpowerthegreatest.com]
Projecto:The Magic Numbers
música:Love´s a game
[www.themagicnumbers.net]
Projecto: Ute Lemper
álbum: Punishing Kiss
música: Tango Ballad
[www.utelemper.com]
álbum: Greatest
música: Satisfaction
[www.catpowerthegreatest.com]
Projecto:The Magic Numbers
música:Love´s a game
[www.themagicnumbers.net]
Projecto: Ute Lemper
álbum: Punishing Kiss
música: Tango Ballad
[www.utelemper.com]
Inquietação
A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha
Cá dentro inquietação, inquietação É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda
José Mário Branco
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