segunda-feira, abril 30, 2012

Bairro Alto...

 Biblioteca do Conservatório Nacional
  Biblioteca do Conservatório Nacional
 Convento dos Inglesinhos

sexta-feira, março 30, 2012

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Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault:
Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…
Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado… é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: - Criando outros.
Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: - Sim, é impossível.
Colbert: - E sobre os ricos?
Mazarino: - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: - Então como faremos?
Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!

domingo, janeiro 29, 2012

Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres


Título original: The Girl with the Dragon Tattoo

Mikael Blomqvist (Daniel Craig), jornalista e fundador da revista "Millenium", dedica a sua vida a revelar o crime e a corrupção que minam a sociedade sueca. Como resultado, tem vários inimigos e é tido como culpado num caso de difamação. Um dia é procurado por Henrik Vanger (Christopher Plummer), empresário de renome obcecado em compreender as razões que levaram ao desaparecimento, há mais de 40 anos, da sua sobrinha. Vanger acredita que alguém da família poderá estar relacionado com o desaparecimento de Harriet, cujo corpo nunca foi encontrado. O empresário faz então uma proposta irrecusável ao jornalista: dá-lhe acesso total à sua vida, documentação pessoal e dados familiares em troca da solução para o caso. Com a ajuda de Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma "hacker" profissional com um passado misterioso, Mikael vai encontrar a história da sua vida.
Um "thriller" de David Fincher ("Clube de Combate", "Sete Pecados Mortais", "O Estranho Caso de Benjamin Button", "A Rede Social"). Depois do enorme sucesso do filme de Niels Arden Oplev em 2009, é a adaptação americana do primeiro tomo da trilogia "Millennium" de Stieg Larsson, obra que já vendeu 65 milhões de cópias em 46 países. PÚBLICO


[Cinecartaz].http://cinecartaz.publico.pt/Filme/298461_millennium-1-os-homens-que-odeiam-as-mulheres

quinta-feira, março 24, 2011

Portugal...

Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!

Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para ó meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...

in Feira Cabisbaixa, Alexandre O'Neill

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

O Discurso do Rei...


Melhor filme, melhor actor. Sem dúvida, um excelente filme em todos os aspectos.

Black Swan...



Um óscar bem merecido, Natalie Portman no papel da sua vida. Um filme inquietante, perturbador, fiquei às voltas na cadeira, rendido, sem palavras. Brutal. 

sexta-feira, setembro 24, 2010

A Caminho de Paris...

Mais uma odisseia que teima em me acompanhar, devido à greve dos franceses, o meu voo foi cancelado. Fui parar a um hotel da Costa da Caparica à espera de um próximo voo, de volta ao aoeroporto, uma grande confusão, lá consigo um voo a partir do Porto para Paris, entretanto passeio pelo Porto até à hora do voo. Esta cidade devia ser a capital de Portugal, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro encontra-se no Top a nível europeu, moderno, arejado, organizado, pessoas simpáticas, tem metro até ao aeroporto, nada a ver com a balbúrdia e terceiro mundismo de Lisboa. Bibó ó Porto, carago.

quinta-feira, junho 24, 2010

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"Dizia o Pai que um homem é o somatório das suas desgraças. Até que um dia pensa que as desgraças se hão-de cansar, mas nessa altura é o tempo a sua desgraça. Uma gaivota planava riscando o espaço suspensa de um arame invisível. Levamos para a eternidade o símbolo da nossa frustração. Aí, dizia o Pai, as asas são maiores, mas quem sabe tocar harpa."
(O Som e a Fúria, William Faulkner, Colecção Mil Folhas, pág. 94)

Dois de Junho de 1910...

"Foi entre as sete e as oito que a sombra dos caixilhos apareceu nos cortinados e eu entrei outra vez no tempo, ao som do despertador. Era do Avô, e quando o Pai mo deu disse dou-te o mausoléu da esperança e do desejo; chega a ser dolorosamente justo que o uses para alcançares o reducto absurdum de toda a experiência humana, que responderá ás tuas necessidades individuais tão bern como respondeu ás do teu avô ou ás do pai dele. Dou-to, não para que te lembres constantemente do tempo, mas para que te possas esquecer dele de vez em quando, sem depois te esfalfares na ânsia de o recuperares. Porque, como ele dizia, nenhuma batalha se pode considerar ganha. Nem sequer travada. O campo de batalha apenas revela ao homem a sua própria loucura e desespero, e a vitória é urna ilusão de filósofos e de loucos.

Estava encostado à caixa dos colarinhos e eu deitado a escutá-lo. Isto é, apenas a ouvi-lo. Não creio que haja alguém que deliberadamente escute um relógio ou um despertador. Nem é preciso. Podemos abstrair-nos do som por largo tempo, e nisto, num segundo de atenção, ele recria na nossa mente o longo período de tempo que não ouvimos. Tal como o Pai dizia que se podia ver Jesus a caminhar nos longos e solitários raios de luz. E o bom São Francisco de Assis, que dizia Irmãzinha Morte, ele que nunca teve uma irmã. "
(O Som e a Fúria, William Faulkner, Colecção Mil Folhas, pág. 69)