Chove intensamente, as ruas ficam finalmente lavadas. Os dejectos caninos são arrastados pela água, abençoado dilúvio. Rita apanha um táxi, está perto da praça Luís de Camões, a chuva apanha-a desprevenida. Como sempre, a vasta colecção de guarda-chuva que possui, não lhe serve de nada, esse adereço fica sempre em casa, assim nunca corre o risco de o perder. E levar com uma chuvada em cima, é sempre bom, faz-lhe sentir fresca. Afinal de contas é apenas água. O rádio do táxi, está sintonizado na Rádio Renascença, Rita tem o prazer de ouvir, directamente da capelinha das aparições, o terço. God bless Jesus. O tipo que conduz, o velho mercedes a diesel, ainda tenta iniciar uma pequena conversa, mas Rita aproveita para rezar. Já que não tem tempo para ir à missa, este momento, a caminho de casa, tem de ser bem aproveitado. São 6 da tarde, o Martim Moniz, está no auge das transações comerciais, aqui não há preconceitos, todos são iguais, todo o mundo está representado, desde a longínqua China, até ao mais próximo Norte de África. Estes indivíduos representam um valor inestimável para o desenvolvimento do país. Afinal, qual é o mais comum do portuga, que não deseja ter o seu telemóvel desbloqueado?
Rita deixa-se dormir, rezar cansa. José Vieira, taxista desde tenra idade, conduz a viatura até sua casa. O jantar estava a ser preparado pela esposa de José. Rita acorda sobressaltada, estava em pleno subúrbio de Lisboa, porém o cheiro a cozido à portuguesa, nada a fazia recear.
A casa de José, era decorada de uma maneira muito simples, nada de IKEA’s. Uma prateleira recheada com a grande enciclopédia do futebol latino, é coisa para cerca de 30 volumes, com encadernação de luxo.
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